quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Internacionalistas

O que é isso? Internacionalista.
Há algum tempo forjaram o termo humanismo. É algo como defender o ser humano. Portanto, defender a vida humana. Deve ser, inclusive, defender a vida de forma geral.
Parece bonito, todo mundo acha bacana. Pelo menos todo mundo finge que acha. Porque na hora de votar, bom, aí é diferente, aí o pessoal vota contra o desarmamento.
Mas voltando ao humanismo, ser humanista é gostar do homem (e da mulher, claro), é protegê-lo, é defender seus interesses no que tange à vida, etc.
Pois bem, há muita gente que se diz, ou se acha, humanista, mas na verdade defende interesses mais próximos, mais tangíveis, mais visíveis até. “Eu me preocupo com as pessoas aqui da empresa” ou “tem que melhorar as coisas aqui no bairro” ou ainda “vamos preservar nossa cidade”.
E o outro bairro? E a outra cidade? E os outros mesmo? Os outros que estão longe. Os que eu não conheço, nunca vi, nem vou ver. Os seres humanos que moram em países que eu nem sei o nome. Esses não cabem no meu humanismo? Pois é, eles têm que caber.
Ser internacionalista é achar que são iguais aqueles (lá no Turcomenistão) e estes (aqui do condomínio). Pelo menos que recebam minha solidariedade de forma equânime. Que a minha indignação diante das injustiças sofridas por todos seja igual. Que eu me sensibilize com o sofrimento de uns e de outros da mesma maneira. Que eu deseje mudar a realidade de todos aqueles cuja sorte foi afetada pela internacionalização das injustiças.
Sim, porque o sistema vigente é absolutamente internacionalizado na hora de espalhar a desgraça e só fica fechado em si mesmo na hora de dividir a bonança. Quem nunca ganhou um tostão com as altas das bolsas no mundo inteiro pode perder o emprego por causa da quebra delas.
Ser internacionalista é inverter essa lógica perversa. É tentar minimizar os efeitos dos infortúnios e disseminar os resultados da prosperidade.
Sentimentos assim são os que, no caso extremo, movem um internacionalista e o fazem sair da Argentina, participar de uma revolução em Cuba, combater no Congo e ser morto na Bolívia. É achar que seus ideais merecem ser vividos por todos.
Ser internacionalista é lutar contra preconceitos, é não aceitar aquele papo de que todo paulista é isso, todo carioca é aquilo e todo argentino é um milhão de coisas. Combater essa ignorância chamada bairrismo.
É achar ridículo o discurso de ambos postulantes à Casa Branca, aquilo do eu faço, eu arrebento todo mundo, e que culmina com um cartaz comum na campanha do McCain - “Country First”.
É Saber que o sangue do ferido que aparece na televisão (e gera compaixão) e o dos garotinhos africanos, que são tantos que nem aparecem na TV mais, tem a mesma cor.
Ser vermelho é ser internacionalista.

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