domingo, 5 de agosto de 2012

Neocons


Eu tava lendo, conversando e pensando sobre os neoconservadores*. Cheguei a uma conclusão curiosa.
Eles têm muita certeza sobre tudo que pensam, mas usam uma lógica estranha.
·       Os neoconservadores são contra qualquer interferência de governos na economia. Eles acham que governos não têm que “se meter” em questões de produção e comércio, acham que o mercado resolve tudo de boa maneira.
·       Eles são contra políticas afirmativas, cotas raciais ou sociais, etc. Consideram que a meritocracia e o mercado devem prevalecer.
·       Os neoconservadores, em sua maioria, são contra, também, políticas públicas de renda mínima ou de segurança alimentar, às quais chamam assistencialismo, como o bolsa-família. Eles pensam que o sistema se adequará e aos poucos incluirá a todos. Sem interferências governamentais.
·       Da mesma forma combatem programas públicos de moradia.
·       Eles também são contra a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Acham que deveria haver leis que a proíbam.
Vamos resumir e tentar entender:
·       Quem produz, quem vende e quem compra o quê não são da alçada do Estado. São assuntos PRIVADOS.
·       Dar oportunidades aos humildes e explorados historicamente de melhorar de vida por meio da educação não é responsabilidade do Estado. É um assunto PRIVADO.
·       Garantir a subsistência de famílias, garantir que suas crianças não morram de fome não é obrigação dos Estados. É um assunto PRIVADO.
·       Dar a certeza e a dignidade da moradia à sua população não é dever do Estado. É mais um assunto PRIVADO.
·       Quem ama quem, quem vai morar com quem, quem vai dividir a vida com quem. Esse é um assunto em que o Estado deve interferir. Esse assunto é, para os neoconservadores, PÚBLICO!

* Eufemismo para a atual direita nativa.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A Dama(?) de Ferro

Vi ontem o filme “A Dama de Ferro”.
Embora soubesse que iam tentar passar nela um verniz de humanidade, o que é, de certa forma, natural, consegui ver o filme todo mantendo a visão crítica de que aquilo é um monstro.
Eu acho até aceitável que se tente perdoá-la, agora que ficou velha e doente. Mas é bom lembrar que as Margarets também envelhecem.
Para um filme que mostra só um ponto de vista – a neutralidade não existe em política – até que conseguiram não santificar aquela coisa autoritária, direitista, insensível e injusta que caracteriza os líderes que, ao lado da Thatcher, trouxeram definitivamente para o mundo a ideologia neoliberal cujo resultado todos, inclusive o Reino Unido, conhecem.
A melhor parte é a Meryl Streep.
A questão feminina também atrai, mas, cuidado!
É, guardadas as devidas proporções, como colocar o Dustin Hoffman pra fazer a biografia do Hitler. Vai dar vontade de entender as razões dele. No entanto, temos a obrigação de resistir.