Imagina a seguinte
situação:
Seus pais são casados
em segundas núpcias. Tanto seu pai como sua mãe tinham filhos dos casamentos
anteriores – seus irmãos e irmãs. Os dois são muito bem sucedidos e são muito
felizes porque moram todos juntos: seus pais, seus irmãos de ambos os lados e
você, em uma mansão maravilhosa. Seu pai ama a sua mãe e depende muito dela.
Ela é louca pelo seu pai e não imagina a vida sem ele. Você também é muito
feliz e ama seus pais, adora essa casa e todos os seus irmãos.
Sua mãe e seu pai têm
uma paixão em comum: o xadrez. Eles passam horas jogando, estudam o jogo e,
inteligentes que são, viraram os melhores jogadores de xadrez da cidade. Quando
seu pai ganha da sua mãe ele fica orgulhoso por ter vencido uma expert. E quando
ela ganha é a mesma coisa. A paixão deles foi herdada por todos. Todo mundo na
casa adora xadrez. Você também. Mas você sabe que é só um jogo. Um jogo
fascinante, mas só um jogo.
Vizinhos invejosos,
dispostos a atrapalhar toda aquela felicidade, perceberam que podiam colocar
seus irmãos uns contra os outros com base no xadrez. De tanto insuflarem os
filhos do seu pai contra os filhos da sua mãe e vice-versa, conseguiram que
alguns dos seus irmãos começassem pequenas brigas dentro de casa. Você chegou a
escutar os seus irmãos por parte de pai xingando os seus irmãos por parte de
mãe e dizendo que ele jogava melhor que ela e que havia ganhado mais vezes. Os
seus irmãos por parte de mãe ficavam chateados e respondiam na mesma moeda.
Seus vizinhos tentaram
o mesmo com você. Tentaram fazer você escolher um lado. Só que pra você aquela
briga não fazia o menor sentido. Aquilo tudo parecia absurdo. Gente que se ama,
que se precisa e que se admira brigando por causa de um jogo? Não. Com você
não. Você é muito maior que isso. Você sabe que o jogo acaba e todos têm que
morar na mesma casa. E precisam continuar sendo felizes.
Seu desafio, pois, é convencer os dois lados
disso.